domingo, 15 de agosto de 2010

UFRJ aprova cotas para estudantes de baixa renda e de escolas públicas

Uma parte das vagas da universidade será preenchida com o vestibular tradicional. O restante passa a ser destinado a alunos com boas notas no Enem. É da parcela dedicada ao Enem que saem as vagas reservadas.





A Universidade Federal do Rio de Janeiro, a maior do Brasil em número de alunos, aprovou a adoção de reserva de vagas para estudantes pobres e saídos de escolas públicas.

A proposta foi aprovada na última quinta-feira na reunião do conselho universitário. A UFRJ vai usar um sistema de cotas sociais, que garante reserva de vagas para estudantes de baixa renda e vindos de escolas públicas.

O sistema de cotas já começa a valer no próximo vestibular, mas ainda faltam alguns ajustes. A UFRJ não definiu, por exemplo, qual a renda familiar que o aluno deverá comprovar para ser beneficiado pela medida e o número de vagas destinado aos estudantes de escolas públicas.

Pelo novo método, uma parte das vagas da universidade será preenchida com o vestibular tradicional. O restante passa a ser destinado a alunos com boas notas no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). É dessa parcela, dedicada ao Enem, que saem as vagas reservadas para os estudantes de baixa renda e de escolas públicas.

Mas ao contrário de algumas universidades brasileiras, o sistema de cotas adotado pela UFRJ não tem como um dos critérios a cor da pele dos candidatos. A universidade ainda estuda algumas mudanças para o futuro.

“A discussão continua e pode resultar numa proposta melhor e mais ampla do que a atual”, declarou reitor da UFRJ Aloísio Teixeira.

Perguntado sobre a possibilidade da UFRJ aderir também ao sistema de cotas raciais, o reitor respondeu: “É uma discussão em aberto, muitos de nós têm posição favorável, muitos de nós têm posições contrárias, então sobre isso só o próprio debate na universidade vai definir uma posição”.

Para o sociólogo Demétrio Magnoli, as cotas sociais funcionam como uma alternativa temporária para amenizar a falta de investimentos no ensino público e são mais aceitáveis do que a reserva de vagas baseada na cor da pele.

“Cotas raciais não são um remédio, são um veneno. O critério social é bom porque não provoca divisão. Os estudantes que estão vindo de escolas públicas estão sendo prejudicados porque o Estado não cumpre o seu papel de produzir um ensino de qualidade. E eles devem juntos exigir, juntos, de todas as cores de pele, exigir um ensino público da mesma qualidade que o ensino privado”, declarou.